30 de out. de 2010

Um dia de espera, nervosismo e alegrias, uma ausência e várias lembranças.

Acordou com a esperança de que tudo desse certo, de que o esperado acontecesse e que o inesperado não pintasse de repente para estragar tudo.

Acima de tudo esperei que o telefone tocasse, ou que o celular, para o qual olhava a cada cinco minutos, começasse a tocar anunciando uma mensagem de boa sorte, ou então alguma justificativa, mesmo que barata: o trânsito, o trabalho, o cano da pia que estourou, pela ausência, naquele momento tão importante e ao mesmo tempo difícil que enfrentaria.

E, era a única pessoa que ele desejou que aparecesse, mesmo que de surpresa, mesmo que chegasse atrasado, pois se tivesse aparecido com um sorriso ele já se sentiria confiante, só de vê-lo entrar, todo o seu nervosismo, ansiedade e medo desapareceriam.

O telefone não tocou, a mensagem não veio, nem a surpresa de vê-lo nas cadeiras à minha frente, mas a vida compensa, os amigos queridos vieram, outros ligaram só pra desejar boa sorte, e uma flor de delicadeza, esbanjando amor e sabedoria, estava posta de frente para mim, foi ela quem meu deu a coragem e a tranquilidade de seguir em frente, e fazer o que eu tinha que fazer, da melhor maneira que pude. Pois, se quem eu esperava não veio, aqueles que eu saiba que estariam lá e até aquela que eu não esperava estava ali, por mim.

O esperado não acontenceu, o inesperado, sim, mas ele já estava acostumado. Afinal, nada é fácil, simples, ou pouco quando trata-se dele, mas os diversos tombos que já levou na vida ensinaram-o a não tropessar em pedras pequenas. E a continuar, sempre.

23 de out. de 2010

uma verdade (atual)

ou a carta que não foi enviada
(retirado do caderno vermelho)

eu queria te contar uma coisa: acho que eu descobri o que pode ser chamado por alguns de segredo, caminho, ou receita; mas que eu prefiro chamar de verdade atual. mas, que como tudo na vida (na minha especialmente) pode ser que seja momentânea, e assim pode de repente acabar, passar, ou ainda, ser substituída por uma nova verdade descoberta daqui a um tempo, ou então, durar por muito, muito tempo; eu sinceramente não sei.

você deve se lembrar que eu sempre lutei pelo direito de mudar de ideia, de voltar a trás e de desdizer algo que tenha perdido o sentido para mim. Então o que eu digo agora poder ser desdito na semana que vem, lembre-se da música da rita lee, eu sou um mutante. mas vamos ao assunto (pois já fiz alguns rodeios), acho que a verdade (atual) é que eu descobri que nunca estive pronto para me soltar, para simplesmente ir, de partir sem medo para qualquer canto, para qualquer terra, ou um outro lugar.

claro! eu sempre gostei e ainda gosto muito de viajar, mas eu estou falando de não ter amarras a ponto de não me prender a um ponto qualquer. por que lá não pode ser melhor que aqui? diferente sempre será, seja qual canto for, será um novo ar, clima, vizinhança, cheiro, vida.

o meu caminho sempre foi o de ida. porém quando eu ia, era em busca do meu futuro, dos meus sonhos, e do novo, mas os pés sempre permaneceram no chão, no meu chão. no canto onde nasci, cresci, mudei, sofri, e sorri, muito. havia sempre as minhas amarras, meu cantinhos especiais as lembranças do passado, a família, os amigos, meus estudos. havia desculpas e motivos para pensar duas, três, milésimas vezes. ir ou não ir?

na maioria das vezes não fui. fiquei. e não me arrependo. juro!

mas agora, algo mudou, é hora de me desprender, de partir sem pensar duas vezes. de seguir caminhos que ultrapassam os campos que a vista pode enxergar daqui da janela. se me perguntasse: tô indo em busca de novas paisagens, você vem comigo? sei que se ainda sentisse o que costumava chamar de amor, eu simplesmente iria.

e essa foi a verdade que descobri e que se tornou a minha verdade atual, nunca me prendi a ninguém porque nunca estive pronto para me soltar, para cortar o cordão que ainda existia há pouco tempo. nunca estive pronto pra seguir ninguém pelos caminhos, mundo afora, talvez por isso, nunca nunca tenha me apegado a alguém, a quem quer que seja, mesmo quando eu sentia o que costumamos chamar de amor.

agora eu sei que não há mais amarras, que estou livre. tão livre a ponto de poder me prender a alguém. e poder afirmar o que já sonhei em diversas vezes. que o meu canto é em qualquer lugar do mundo, bastando estar com a cabeça encostada no peito e entre os braços de quem eu irei simplesmente chamar de amor.

16 de out. de 2010

Fragmento de um diálogo. Entre músicas, risos, e...

- dança essa música comigo?

- eu não sei dançar. (riso)

- sem problemas... eu também não sei. (outro riso)

indo, de mãos dadas, para mais perto da improvisada pista de dança:

- a dança foi só desculpa pra chegar até você.

- ah é? então, eu tô devendo uma pro dj.

já dançando depois dos segundos desconcertantes em que ambos se perguntavam como ir? pra que lado? como começar?:

- se eu pisar no seu pé, me desculpe.

- não se preocupe, você tá sabendo dançar bem devagar pra me acompanhar.

ambos riem...


P.S.: Lembrei-me dessa música. Ela serve muito bem para acompanhar o texto.

13 de out. de 2010

12 de out. de 2010

Do sonho que poderia (e poderá) se tornar real.

Ao som de Simples Carinho - Angela Ro Ro

Fazia frio em São Paulo, a noite era cinza, silenciosa e vazia. Eu seguia o meu caminho só. Coração tranquilo e o espírito leve. Entre camadas de cobertas pesadas para espantar o frio, dormi tentando não pensar em nada e até agradecendo por mais um dia em que cumpri o meu papel e segui em frente. Assumindo os erros, acreditando no que está por vir, e no que pode haver ao virarmos a próxima esquina.

Mas no meio da noite, viestes me tirar o sossego, eu me lembro bem, como se fosse real, o coração disparou, a respiração era difícil e eu tinha que me concentrar em inspirar e expirar. E apesar de fazer isso há mais de vinte e poucos anos, precisava ficar atento para não me esquecer de inspirar e expirar.

E eras tão real, era sonho eu sabia desde o início. Pois naquela noite estavas a uns oitenta quilômetros de distância. Mas foi possível sentir o seu cheiro, o seu coração que pulsava, e ver seus olhos fixos no meu e com isso todas as palavras eram supérfluas. Imagine isso, eu não precisando de palavras nem a serem ditas nem ouvidas. Bastava o teu olhar, ele me dizia tudo.

E ao contrário do que aconteceu na vida real, quando simplesmente tu ias, e já me viravas as costas, eu te segui, eu te segurei pelo braço, eu fiz tudo o que a insegurança, o orgulho, e a timidez me impediram de fazer quando eu soube que irias. Eu disse “fica, fica comigo, se quiser é claro!?” e foi daquele jeito torto, meio destrambelhado que você sempre despertou em mim, e eu deixei o caminho livre para que escolhesses. E antes de me dizeres qualquer coisa, sorristes com um sorriso maior e mais belo que todos os outros que já recebi. Eu sorri também. E sorrimos muito tempo. E ainda sorrindo disse: “pode ser!” E eu sabia o que isso significava, aliás acho que só eu. “Que bom que você disse isso agora.” E voltates a sorrir. E esse sorriso ficou sendo projetado pelo resto da noite, como uma tela de cinema que passa a mesma cena initerruptamente.

E quando acordei. Acordei sorrindo porque sonhei com você. E só por isso, sabia que o dia seria o melhor dos últimos tempos. E lembrei da música da Angela Ro Ro. Tinha um céu azul e o sol brilhando na janela. E por um instante acreditei que o sol voltara a aparecer só porque eu sonhei com você. E agora torço e espero. Por ti, e pelo desafio de fazer o sonho ser real. Tão real quanto o teu sorriso, foi naquela noite.