22 de ago. de 2012

Nenhuma certeza quanto ao futuro, até mesmo o meu presente está repleto de dúvidas. 



PS:  felizmente, ainda há músicas, livros e amigos. 

20 de ago. de 2012

"Que o digam os campos de concentração e as torturas! Provavelmente, de todos os nossos sentimentos, o único que de fato é nosso é a esperança. A esperança pertence à vida, é a própria vida se defendendo." 


Júlio Cortázar - O jogo da amarelinha

19 de ago. de 2012

amor

por Carolina Ferraz,

"... toda minha vida é pautada por amores que tive ou gostaria de ter..."





PS: Vídeo realizado para O Amarello

16 de ago. de 2012

today

Acho que perdi a minha ingenuidade. Agora dificilmente acredito cegamente e só hoje percebi isso. Não tenho me alegrado com promessas, vou esperando que a coisa aconteça. Não faço mais festas com simples nuvens escuras, espero o chão ficar ensopado para enfim dançar de pés descalços, me alegrando pelas gotas que caem. É claro que isso é uma metáfora. Tenho desejado bem mais que chuva, muito mais. Porém, previsões e quase-certezas não me acalentam. Só me restou a esperança. Torcer para que um dia a coisa desenrole e aconteça, para que amanhã, ou no mês que vem, ou daqui uns anos eu tenha algo concreto para comemorar.

7 de ago. de 2012

"minha decoração é um excesso de ausências" 

Santiago Nazarian - A morte sem nome


6 de ago. de 2012

Esperar cansa. Eu já estou cansado de tudo. É muita falta e tanta ausência. O tempo passa de pressa, corre, mas a paisagem não muda. 


Cansei
de esperar mais meia hora
um dia um ano
uma eternidade


Quero
a felicidade agora
ontem já era tarde
para ser ao invés de esperar

4 de ago. de 2012

Eu sou um “semialfabetizado” também!


Após ler a matéria intitulada “Professores da Unifesp de Guarulhos defendem mudança do campus para SP”, publicada no site do Estadão em 03 de Agosto de 2012, não pude deixar de me sentir envergonhado e ofendido pelas declarações ultrapassadas, preconceituosas e até mesmo errôneas. Que têm por base alguns sensos comuns, fundamentados por uma visão elitista e excludente, que infelizmente são compartilhados por muitos daqueles que trabalham e estudam na Unifesp – Guarulhos.

Sou aluno do curso de Letras, ingressei na Unifesp em 2009, logo, faço parte da primeira turma de tal curso. Fui aprovado na primeira chamada, na habilitação Português-Inglês, naquele ano o curso mais concorrido entre os oferecidos no campus de Guarulhos, sem nunca ter frequentado qualquer curso pré-vestibular. Desde então à custa de muito esforço e dedicação tenho tido um bom desempenho acadêmico, sendo aprovado em todas as matérias nas quais me matriculei. Mas e daí? E daí, que eu escolhi ficar na Unifesp. Apesar de aprovado em outras duas instituições e da possibilidade de ser aprovado na tão desejada Universidade de São Paulo – USP. E daí, que eu estudei a vida inteira em escola pública, excelentes escolas por sinal, localizadas justamente na região dos Pimentas, para a surpresa de muitos.

Assim, ao ler "Estudantes com melhor preparo desistem de frequentar a EFLCH, obrigando-a a receber estudantes semialfabetizados" só posso me sentir indignado. Primeiro, conheço outros alunos da Unifesp - Guarulhos com situações semelhantes ou idênticas as minhas, alguns já estavam lá quando eu cheguei e outros foram conquistando o direito de cursar uma universidade federal ao longo desses quatro anos em que frequento o curso. Segundo, todos os alunos tiveram de passar por um exame que lhes permite-se ingressar no ensino superior, seja o vestibular, pelo o qual passei, seja o SISU mais recentemente; tais exames visam unicamente selecionar os candidatos aptos ou não a se tornarem alunos da graduação, eles sim “obrigam” a Unifesp a receber os tais “semialfabetizados” (entre os quais me incluo) e não a localização do campus ou a evasão daqueles que partiram para uma Universidade com melhor infraestrutura, organização e reconhecimento.

Outro fato que pode causar estranheza, é que recorrentemente alunos de escolas públicas da região - como as reconhecidas E. E. Profª Maria Aparecida Rodrigues, E. E. Profª Maria Aparecida Felix Porto e E. E. Profº Antonio Viana de Sousa (na qual cursei da 5ª série do ensino fundamental ao 3º ano do Ensino Médio), bem como, o Cursinho Comunitário Pimentas CCP - a cada ano ingressam em diferentes instituições públicas do país, ao contrário do que muitos posam pensar, em cursos concorridíssimos, como veterinária, artes cênicas, engenharia, música, enfermagem, direito, entre outros.

Vale ressaltar, que se o corpo discente não é formado pelos “bens colocados”, ou seja, se a Unifesp foi apenas a segunda, terceira ou última opção de onde estudar, como pelo visto pensam alguns, o mesmo se repete entre o corpo docente, afinal nós que somos alunos sabemos que a grande maioria, salvo exceções, dos professores doutores estão na Unifesp, pois não foram aprovados em concursos públicos para as tão cobiçadas USP, UNICAMP, UFRJ, UNB, entre outras.

Tenho medo e vergonha de pensar que tal atitude e pior tais declarações partam de doutores das ciências humanas, professores de futuros professores. Ora, será que aprenderemos a reproduzir um pensamento excludente e preconceituoso num futuro que está cada vez mais próximo?

Pois, ao ler “a unidade é isolada geográfica e culturalmente, além de não acrescentar nada à região onde está, no carente Bairro dos Pimentas...” não posso deixar de pensar na desvalorização da cultura produzida nas periferias, pois até onde sei  a cultura é intrínseca ao ser humano, logo, existe até mesmo nos Pimentas. O que acontece é que esta, ainda que periférica, é desconhecida para muito daqueles que se restringem a “viajarem” em seus carros até o campus, ministrarem ou assistirem suas aulas e voltarem o mais rápido possível para as suas casas.

É verdade que estamos distantes de grandes museus, espaços culturais, bibliotecas. Mas não seria a Unifesp responsável pelo estabelecimento a médio e longo prazo de uma “ilha de excelência” na periferia de Guarulhos, como ouvíamos nos primeiros anos dos cursos? O que culminaria na implementação de espaços culturais diversificados na região. Não caberia a própria Unifesp, desde o princípio, a organização de uma descente biblioteca que atendesse alunos e moradores? Mas, que até hoje não atende nem mesmo os próprios alunos devido à falta de infraestrutura (espaço) e de livros. Sim, temos um acervo pequeno e restrito. A culpa também é dos Pimentas? E, sobretudo, se a Unifesp “não acrescenta nada à região” a responsabilidade é dos moradores ou daqueles que deviriam ter se integrado aos bairros que formam a gigantesca região dos Pimentas? Por que não ofereceram aos moradores a possibilidade de acesso ao conhecimento e a “cultura” que julgam tão inexistentes por aqui, ao invés de se isolarem entre os muros da instituição e suas salas de aula?

O acesso ao campus não é ruim, ele é péssimo. Assim, como todos os acessos a região. Mas os problemas do transporte público e da mobilidade urbana já foram bem piores em Guarulhos, o que não impediu e não impede que inúmeros moradores da região dos Pimentas trabalhem nos mais dispares cantos da cidade de São Paulo, ainda que tenham que sair de madrugada e tenham voltar para casa quando já é noite, pois dependem do ainda precário (como na parte do Brasil) serviço de transporte público.

Por fim, se “a Unifesp não faz nada especificamente para a população local" me questiono se não está na hora de mudarmos isso e, já tardiamente, começarmos a fazer alguma coisa, ao invés de sairmos com “o rabinho entre as pernas” e com alguns dos poucos livros que existem debaixo do braço?
No entanto, ainda que a Unifesp não faça nada para a população, como se reconhece, isso não impede que alguns dos “semialfabetizados” que aqui residem sonhem cursar um curso superior nesta instituição, assim como eu sonhei um dia. E, enquanto existir ao menos um único morador(a) dos Pimentas, que pretenda ingressar na Unifesp, não tenho dúvidas que o lugar dela é aqui. 


P.S. quanto a não obediência das regras imposta pela norma culta da língua portuguesa levem em consideração que sou um semialfabetizado também.