31 de mar. de 2010

Tem espaço de sobra...


Entre. Não se assuste. Talvez você deva estar um pouco espantando pela ausência de coisas e de pessoas por aí, mas permita-me explicar o motivo disso, o fato é que ao longo desses anos todos apenas algumas pessoas entraram aí, mas ressalto que a grande maioria que entrou não saiu mais. Claro que elas ás vezes dão suas voltinha por outros lugares, pois sabem que os espaços por elas ocupados jamais serão transferidos ou destinados a terceiros. E você pode observar que elas são sempre lembradas, praticamente a todos os momentos, basta olhar pra quantidade de porta-retratos pendurados pelas paredes. Antes que me pergunte, os que não possuem fotos são para aquelas pessoas que ainda entraram aí. Aliás, se tiver uma fotografia sua e quiser pendurá-la em algum desse que ainda se encontram vazio. Ou então, pode deixa que mais tarde eu mesmo coloco-a.

O espaço é realmente grande. Por enquanto encontra-se tranquilo, mas não se assunte quando de repente alguma tormenta se instalar por aí, é normal e sempre passa. Aliás, não se engane com a paz inicial por aí, as coisas normalmente são intensas e extremamente surpreendentes.

Talvez queira se sentir um pouco mais a vontade, peço-lhe desde já que o fique, pois espero que de agora em diante você tenha um papel mais ativo e de maior importância por aí. Tá vendo aquela porta logo esquerda é um local que preparei especialmente pra você, se quiser entrar, fique a vontade. Espero que tenha apreciado o espaço. A poltrona vermelha é um presente, para que se sinta confortável e bem acolhido, aliás, antes tudo por aqui era vermelho como a poltrona, mas depois de um certo tempo tudo vai se acalmando e nem tudo permanece tão intenso e dilacerante como fora um dia. Aqui também é espaçoso e não coloquei nada além da poltrona, pois achei que seria mais fácil que você preenchesse aqui com aquilo que é seu e com o que melhor te caracteriza. Este espaço já está a algum tempo precisando ser completamente preenchido, espero que você possa fazê-lo. Por mim e por você também, pois estando aí saiba que será sempre lembrado, cuidado e terá uma importância tremenda na minha vida de agora em diante.

Há muito tempo que este espaço estava trancado, sem que ninguém entrasse aqui, aliás, acredito que ninguém tenha morado por aqui algum dia, claro que algumas pessoas entraram ou até passaram um curto período de tempo, mas se foram. Talvez não tenham se adaptado, ou talvez não se adaptaram a mim, vai saber. Porém acredito que agora pode ser diferente, talvez este espaço estivesse esperando alguém como você; acho que você possui tudo aquilo que uma pessoa necessita para ficar definitivamente por aqui, ou então, por um longo período, afinal o pra sempre sem pré acaba. Acredito e espero que o meu palpite esteja certo.

Se espalhe. Ocupe-o. Espalhe suas coisas, instale-se, de agora em diante aqui é seu lugar, espero que se sinta bem. E que aqui se sinta feliz, pois pode ser você quem ocupará este espaço para todo o sempre.

21 de mar. de 2010

Desabafo!

Enfrento.

Se fosse para temer gritos,

Eu teria nascido surdo e

sem cordas vocais para não correr o menor risco de produzi-los.

Se fosse para temer cara feia,

teria nascido cego e sem mãos,

assim jamais poderia observar nada do que não me agradasse.

Se fosse para temer a dor,

eu nem mesmo teria nascido,

pois na vida de todos nós há sempre dor e sofrimento.


Medo?

Posso até sentir,

mas o medo maior que me assombra é o de não viver

e este é maior até mesmo que o medo da morte.

13 de mar. de 2010

Ah, Piglia...

você também resolveu entrar para o grupo daqueles autores, que escreveram pelo menos um pedacinho de um texto, para mim. Quando eu li:

“Estou convencido de que nunca nos acontece nada que não tenhamos previsto, nada para o que não estejamos preparados. Couberam-nos tempos ruins, como a todos os homens, e é preciso aprender a viver sem ilusões...”

(Respiração artificial – Ricardo Piglia)

tive certeza! Você escreveu pra mim. E tenha certeza que de agora em diante este trecho me acompanhará pelo resto da vida assim como alguns outros que dialogam e refletem diretamente o que sinto e sou.