23 de jan. de 2012

se servir para clarear um pouco:


amar é estar a beira do precipício, é pular sem pensar duas vezes, sem olhar pra trás, sem respirar ou fechar os olhos. não há tempo para mais nada, entende? é puro sentimento. é apenas sentir. tem o frio na barriga mesmo no décimo oitavo encontro e tem que ter o mesmo friozinho quando vir a pessoa amada pela octagésima milésima vez. pouco importa se essa pessoa não for o protótipo que um dia sonhamos, fantasiamos na adolescência. basta que ela alimente a coisa mais viciante do mundo, o tal amor, e ela se tornará, "a pessoa ideal" (esse carma que perseguimos desde sempre e que homens e mulheres vêm buscando a milhares e milhares de anos, desde que o mundo é mundo). ironicamente, só então descobriremos que "a pessoa ideal" está longe de existir, mas vamos amando apesar de tudo aquilo que nos desagrada. se for amor não nos lembramos de ligar as seis e quarenta e cinco da tarde pra saber como foi o dia do outro, mas ligamos porque passamos o dia inteirinho pensando naquela criatura que um segundo longe já nos deixa com saudade, sem ar; e um mais um segundo sem ouvir pelo menos um "ooooi" nos matará. se for amor, pouco importa se o celular toca as duas da manhã, se do outro lado da linha ouvimos aquela voz que nos faz arrepiar, mesmo que seja contando do pesadelo que lhe fez perder o sono, a hora voa e quando desligamos o celular denuncia: uma hora e dezessete minutos. se for amor, pouco importa se o celular toca as duas da manhã, e dane-se que gastamos uma hora e dezessete minutos, mesmo que tenhamos ido dormir a uma e que o despertador esteja programado para tocar as cinco e trinta. amor e razão não combinam. amor e números muito menos, a única equação possível é 1+1= nós. amar é não ter que dar justificativas, motivos, explicações para continuar chamando alguém "meu amor". se não for assim, se não for dez mil vezes maior e mais assustador que isso não é amor. é um lance, um beijo, um carinho, uma carência. e passa. mas, quando for, não restará qualquer dúvida, porque a única certeza que teremos na vida é que sim, enfim encontramos. 

P.S.  às vezes, a resposta que buscamos, ou que tentamos evitar por não ser a que desejávamos, pode se concretizar ao revirarmos o baú em algum texto escrito séculos atrás, quando nem sonhávamos viver o que estamos vivendo no momento. 


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