coisa de gente grande
não rala joelho,
não quebra o dente,
não leva pedrada.
parte o coração,
quebra a cara
leva rasteira da vida.
o barulho das águas provocam
o mais profundo silêncio em mim
as águas ensinam a envolver
a embalar, arrebatam,
mas também ensinam a deixar livre,
partir quem já não quer ficar,
regressar a outro porto,
perder-se na imensidão sem fim.
meu desejo ilha, precisa saber
a ser mais água
e menos terra segura que deseja reter.
a lição é transmitida, mas tão dura de aprender
transbordam em exuberância quem com
as águas aprendeu ser.
Deixar a saudade expandir, crescer,
ir além do teu reduto ensolarado
e alcançar as margens do meu canto cinza.
Deixar a esperança prosperar, mover a vida
dar aos dias momentos de pequenos êxtases,
a cada vez que eu me lembro do teu sorriso iluminado.
Deixar que os caminhos cumpram seus cursos,
ora unidos ora separados. Desbravá-los.
Nutrir o desejo de seguir ao teu lado.
E, jamais, deixar você partir, sem o anseio de um próximo abraço.
ainda escuto aquela voz avisando que "é melhor não", "pode ser complicado", "não faça isso de novo", "você já sabe como isso vai terminar", "tá pedindo pra sofrer de novo".
mas o teu sorriso tem a capacidade incontrolável de me lançar em um profundo silêncio.