Se você fosse um livro nacional qual seria? A pergunta reunia duas coisa que eu adoro, literatura (brasileira) e aqueles testezinhos em que temos que responder uma meia dúzia de perguntas pra que um sistema configurado atráves de um cojunto de probabilidades, que eu jamais irei entender, nos dê a resposta, e pelos quais eu não consigo passar sem fazê-los. Este teste reunia como resultado vários títulos de livros brasileiros: romance, contos, poesias e best-sellers. Para minha surpresa ao fim do teste acho que ele acertou em cheio, se não acertou, pelo menos me agradou e muito. Afinal, me dizer que eu seria o meu livro favorito, A paixão segundo G.H., me deixou lisonjeado. Vejam só o resultado completo:
"A Paixão Segundo GH", de Clarice Lispector
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A Paixão Segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.
"O Vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan
Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.
Em "O Vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.
"Antologia Poética", de Carlos Drummond de Andrade
"O primeiro amor passou / O segundo amor passou / O terceiro amor passou / Mas o coração continua". Estes versos tocam você, pois você também observa a vida poeticamente. E não são só os sentimentos que te inspiram. Pequenas experiências do cotidiano – aquela moça que passa correndo com o buquê de flores, o vizinho que cantarola ao buscar o jornal na porta – emocionam você. Seu olhar é doce, mas também perspicaz.
"Antologia Poética" (1962), de Drummond, um dos nossos grandes poetas, também reúne essas qualidades. Seus poemas são singelos e sagazes ao mesmo tempo, provando que não é preciso ser duro para entender as sutilezas do cotidiano.
"Doidas e Santas", de Martha Medeiros
Moderninha e solteira, ou radiante de véu e grinalda? Eis a questão da jovem (ou nem tão jovem) mulher profissional, cosmopolita e, apesar de tudo, muito romântica. Eis a sua questão! Confesse: quantas horas semanais você gasta conversando sobre encontros e desencontros sentimentais com as suas amigas? Aliás, conversando não. Analisando, destrinchando... Mas isso não quer dizer que você só questione a existência de príncipe encantado, não. A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, como bem mostram as 100 crônicas de "Doidas e Santas" (2008), que retratam os sabores e dissabores da vida sentimental e prática nas grandes cidades.
Confesso que adorei o meu resultado, A paixão segundo G.H. é o meu livro favorito, como já disse acima e Clarice é a favorita pro resto da vida; Drummond é sempre um poeta a ser (re)lido e sendo uma Antologia, seria a beleza e a força de tudo o que ele escreveu condensados; adoro os textos da Martha Medeiros, sobretudo, as crônicas e quando ela fala de amor, ou de desamor, então; o único senão foi o livro do Dalton Trevisan, O Vampiro de Curitiba, que ainda não li, mas o senão nem é por esse motivo, mas sim porque acho que se fosse um livro de conto, provavelmente seria algum do Caio F. talvez Os Dragões Não Conhecem o Paraíso, mas a justificativa até que me convenceu, e vai que não incluíram o livro do Caio, como possível resultado, não é?
Mas o grande porém vem agora, depois de ver o resultado, saí divulgando entre os amigos, lógico. Alguns fizeram e quando me contaram o resultado, pra minha surpresa a grande maioria tinha como resultado apenas dois ou até mesmo um único título. Apenas eu tinha quatro. Claro que fui refazer, vai que tivesse ocorrido algum problema da primeira vez, mesmas respostas e mesmo resultado. Me restou apenas me conformar e ficar com a explicação que uma amiga me deu: “mais claro, só você mesmo pra ter o resultado diferente de todo mundo, até nisso! Você não é normal, não Carlos! (risos)”
Que saber que livro você é, então faz teste aqui.
E se alguém conseguir quatro ou mais livro como resposta por favor me avisa, acho que vai me fazer um bem me sentir um pouco mais normal. rsrs
Já tinha feito esse teste antes...somos dois 'a paixão segundo gh', fiquei todo prosa, imagina, ser uma clarice, a lispector...
ResponderExcluirBj*
Olhe...eu ainda não fiz o teste mais acho que seria A Descoberta do Mundo, da Clarice também...amo ela. E é minha favorita.
ResponderExcluirmas...agora vou tentar o teste.
abraços
Rapaz, na mosca: "Memórias Póstumas de Brás Cubas"! O livro nacional que mais me fascina e que já li e reli várias vezes! Eu ri gostosamente infantil quando vi o resultado!
ResponderExcluirAbraços de que tem um "cinismo ácido que gosta de desfilar",