Foi estranho te reconhecer nos corredores do supermercado, meu coração disparou e eu me escondi no corredor dos laticínios. Não estava apresentável às 19h de uma quinta-feira tendo saído direto da academia, só querendo banho e cama.
Acabei ativando minhas tendência psicopatas e por segundos te acompanhei pelas frestas das prateleiras que me deixavam ver-te no outro corredor. Foi quando vi ele. Empurrando o carrinho para você. O carrinho que talvez era de vocês, no plural.
Há quase dois anos. Quando me deixou, você disse que ele tinha te procurado e que achava melhor voltar pra ele. Eu nunca quis ninguém pela metade, então: boa sorte! Mas me doeu tanto, viver a cena de um seriado norte-americano.
Não derramei o leite, mas chorei, mesmo assim. E disfarcei. Tentei sair o mais breve possível dali, empurrando o carrinho e esbarrando nas prateleiras do hortifruti. Não queria que vocês me vissem. Nem queria tê-los visto, mas isso já era tarde.
Acabei pensando em tudo que nós, eu e você, poderíamos ter tido, mas não vivemos. Porque ele deve ser melhor do que eu. As viagens não feitas, as noites não divididas, as brigas que não aconteceram, as banalidades, como ir ao supermercado, que não fizemos juntos.
No fundo, tive inveja dele, queria ser eu a empurrar o nosso carrinho e a dividir uma vida contigo e com alguém. Começo a achar que isso não é para pessoas como eu... intensas demais. Ninguém aguenta, todo mundo foge, ou de repente se são conta que o ex era bem melhor.
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