15 de jul. de 2016

Sobrevivendo ao caos

(sobre W., novamente) 

A minha vida está um caos... desses que só existem quando um furacão de grandes proporções, rapidamente, bagunça suas certezas, abala sua estrutura e vai embora, como surgiu, do nada. O furacão, chamado paixão, chegou numa noite fria de maio, acabou com todas as novas convicções, com todos os cálculos, com todos os mantras que eu vinha repetindo por um ano: "não se apegar logo de cara", "não jogar nas suas costas todos os meus anseios", "não sufocá-lo", "ir com calma". Esqueci de tudo. 
Talvez eu não esteja preparado para lidar com essa coisa de paixão correspondida; então, meto os pés pelas mãos, faço o que não devia fazer, falo demais, ajo de menos... E, ele deveria achar graça em tudo isso. Mas não foi o caso. 
O furacão foi embora deixando um silêncio enlouquecedor nas bandas de cá. A minha vida parou. Está em acúmulo de atrasos. Prazos que não cumpro, férias que não aproveito, noites que não durmo, desejos que não os tenho mais. 
Tudo isso só é quebrado por lembranças melancólicas do sabor do seu beijo, uma mistura de café com cigarro, ou pelas lembranças das sobrancelhas franzidas e a piscadinha do olho esquerdo. Inesquecíveis. Isso me dói e me alivia ao mesmo tempo. 
Há quase um mês não vejo o motivo de tanta alegria e tantas outras coisas. O meu corpo resolveu me sabotar: desânimo, preguiça, moleza e aquela dorzinha do lado esquerda da cabeça, chamada preocupação. 
Se um raio não caí duas vezes no mesmo lugar, um furação não deve passar pelo mesmo lugar duas vezes seguidas, mas eu adoraria uma segunda chance pra ver tudo lançado de pernas para o ar. 




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