12 de jun. de 2016

da falta

A vida se apresenta como um constante rodízio entre satisfação, anseios, insatisfações. O copo parece estar sempre meio vazio ou sempre meio cheio; isso vai depender de quem o observa. O fato é que buscar estar sempre cheio, ou sempre satisfeito, é o mais curto caminho para uma vida de sofrimento, angústias e frustrações. 
A falta é importante, o desejo, a saudade, a solidão, em doses parcimoniosas, empurram-nos para a frente, despertam a ânsia pela conquista. Estamos sempre correndo atrás da metade que falta, o que não garante que ela será alcançada. E não há problemas em ostentarmos nossas metades faltantes por aí. Nem tudo tem que se mostrar perfeito agora. 
Hoje faltou um palavra, ela completaria meu copo, minha vida. Mas não veio palavra, nem sorriso, porque ainda falta quem a possa dizer. Falta. E isso, não é assim o maior dos problemas. 

bonsoir. 

Um comentário:

  1. Querido Carlos não poderia saber de mais de falta, mas é pretensão minha ser, como dizes está tudo aí, satisfação e insatisfação, de que lado estou olhando. Gosto de um poema de Drummond sobre a poeta Ana Cristina (me permita):

    Ausência

    Por muito tempo achei que ausência é falta
    E lastimava, ignorante, a falta..
    Hoje não a lastimo.
    Não há falta na ausência.
    Ausência é um estar em mim.
    E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
    Que rio e danço e invento exclamações alegres.
    Porque a ausência, esta ausência assimilada,
    Ninguém a rouba mais de mim.

    (Carlos Drummond de Andrade – Com o pensamento em Ana Cristina

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